sábado, 19 de novembro de 2011

Saudade: "Onde está?"

Talvez eu quisesse não ter idade suficiente para compreender tal sentimento. Talvez eu quisesse não sofrer tanto. Talvez eu quisesse ser capaz de apagar todas as minhas lembranças, mas mesmo que de fato o fizesse, eu ainda seria capaz de sentir saudades...

A vida nos faz viver momentos cruéis e nos obrigam a nos desligar de pessoas que se nos perguntassem, nunca conseguiríamos abrir mão delas. Infelizmente não estamos aptos para da noite para o dia dizer adeus definitivamente. E ,talvez por esse motivo, não consigamos tal feito. Por mais que a vida nos leve a um ponto final, para os que ficam, o ponto final nunca é de fato um final. Digamos que ponhamos um ponto e virgula, ou até um ponto de continuação. A saudade é a explicação mais pertinente para essa tese baseada no meu achismo. Sentimos saudade por que ainda levamos aquele amor com a gente, é como se a pessoa tivesse, na forma mais leve de dizer, fechado os olhos e deixado um pouco dela com a gente e por mais que tentem nos fazer compreender que aquilo foi um final, não foi. Ainda somos capazes de carregá-las dentro dos nossos coraçoes.

Saudade é sentir uma necessidade absurda de dar um abraço sem poder, um dor forte e inexplicável no peito e saber que aquilo não tem patologia, é querer dar um simples telefonema para um número que não mais existe, é querer rir com alguém que não pode mais, é querer contar do seu dia, dos seus planos, sabendo que tristemente isso se tornou irreal. Saudade é querer saber do que não existe, é sentir cheiros, ouvir palavras e tudo isso trazer lembranças que fazem crescer um nó enorme na garganta, saudades é saber que o que se sente não é uma ilha cruel, mas um continente com dimensões que extrapolam o tamanho do globo e que consomem a alma por inteiro. Saudades é não se conformar dizendo que foi o final, mas olhar para os lados sem entender e se repetir inúmeras vezes "onde está?". Sentir saudades é ter raiva por saber que seu coração não teve capacidade de se despedir e se sentir pequeno por isso. E depois disso refletir e entender por que que não existiu alguém que pôde de fato definir com exatidão tão triste e urgente sentimento.