terça-feira, 6 de dezembro de 2011

E a lua continuava à brilhar

Olhava a lua que iluminava a mim e a toda noite fria. Deitada na grama, pensava em como aquela madrugada estava tranqüila. Meu corpo aos pouco ia ficando com uma temperatura uniforme, se adequando ao ambiente e me congelando por dentro, e dessa vez, eu não me importava mais. Chorei feliz, querendo esquecer a dor que sentia. Chorei, não mais pelo que perderia, mas pelo que vivi. A grama verde espetava meus braços nu, meu cabelo fazia pequenos desenhos naquele tapete verde que eu me encontrava deitada, minha cabeça insistia em latejar e meus olhos, esses estavam se perdendo num outro mundo.
O que é viver? Essa pergunta ecoava na minha cabeça confusa. Será que eu tinha vivido mesmo? Outra pergunta sem resposta... Mexi as pernas quase sem força e sentia a grama suavimente alisar meu corpo frio.
Senti meu corpo ser empurrado para frente por aquele que eu um dia disse que morreria para amá-lo. E de fato o faria. Ele me deitou em seu colo sem falar absolutamente nada. Senti uma forte dor percorrer por todo o meu corpo. Eu sabia que não agüentaria muito dalí para frente. É o ciclo da vida, não chora, é o ciclo da vida, pessoas vão e vem, é o ciclo da vida. No entanto não entendia, por que eu temia tanto a morte? Apertei forte a mão dele e pressionei meus olhos, me contorcendo de dor. Os ventos continuavam a soprar meu rosto e a chuva, que começaria a cair, molharia a mim por algum tempo. Começaria fraca, no meu rosto, uma chuva salgada, cheia de emoções, daí em diante, as nuvens teriam um novo papel de continuar a molhar. Talvez isso durasse horas, dias ou até alguns meses. E os pássaros continuariam lá, livres, alguns morreriam, uns nasceriam, nada disso deixaria de acontecer. O que eu era, então? Um nada? Eu não fiz nada de importante? Talvez não para o que é a grandeza da Terra.
Fechei meus olhos tranqüila e ouvi o cantar dos corvos e gemer dos ventos. Meu corpo já se encontrava plenamente frio, estava com a mesma quantidade de calor que aquela noite gélida. Minha pele branca e pálida ainda deitada na grama, se acomodava, finalmente. E com um beijo de despedida ele me deixou lá. Estirada num verde escuro quase desaparecido pela lua que já se despedia. Era a despedida, um último gesto, um adeus. O beijo por um amor intenso, o beijo que eu me lembraria. O último beijo antes que ele me deixasse lá. Morta

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